JOSÉ HUMBERTO BOGUSZEWSKI

(*Curitiba, PR, Brasil, 1952)

José Humberto Boguszewski nasceu em 1952, em Curitiba, Paraná, Brasil. Seu bisavô, Jan Boguszewski, nasceu na Polônia ocupada pela Rússia entre os anos de 1873 e 1874. Sua bisavó Franciszka Majewska também nasceu na Polônia dividida, em 1881. Ambos emigraram para o Brasil em 1891, Jan sozinho, tendo apenas 17 ou 18 anos, e Franciszka, aos 10 anos de idade, acompanhando seus pais e irmãos. Estabeleceram-se em Curitiba, onde se casaram, em 1901. Seu primeiro filho, José Boguszewski, avô de José Humberto Boguszewski, casou-se com Józefa Wojciechowska, que nascera em 1904, na cidade de Mlawa, e emigrara para o Brasil com sua família em 1911, aos 7 anos de idade. O terceiro filho do casal foi Leonidas Boguszewski, que trabalhou desde os 9 anos de idade e cuja disposição para o trabalho o levou a ser proprietário, por mais de 34 anos, de uma rede de lojas pioneira, em Curitiba, na venda de calçados pelo crediário − um sucesso que influenciou e marcou o comércio de calçados na cidade. Leonidas Boguszewski casou-se com Niva Nocera, sendo José Humberto Boguszewski o mais velho de seus seis filhos. José Humberto Boguszewski, que é casado com a artista plástica Cristina Fauquemont e pai de Carolina Fauquemont e Gustavo Boguszewski, conta sobre o início de seu interesse pelas artes visuais e de sua carreira: Primeiro me ocupou a pintura. Ainda adolescente as paisagens de memória. Óleo sobre tela. Bem depois, já na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, foi a vez do design gráfico. O artista plástico e designer gráfico formou-se em Pintura e Licenciatura em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1975. Também cursou Gravura em Metal com Fernando Calderari, no ateliê Poty Lazzaroto. Já no ano de 1972, demonstrando-se um promissor jovem talento, participou e recebeu os prêmios em Gravura no V Festival Universitário da Universidade de Londrina e no XVI Salão de Artes Plásticas para Novos, em Curitiba. Desde esse período, questionou-se intensamente a respeito da função da arte na sociedade. Talvez por essa razão tenha mergulhado no design gráfico, levando em consideração a natureza do cartaz – um meio de expressão artística e utilitária cuja reprodução tem o poder de permitir o acesso amplo e direto ao público – e do cartum. Enquanto estudante, integrou a equipe editora da revista Casa de Tolerância, que trazia em seus quadrinhos tal visão democratizante da arte. A partir daí, as duas atividades – artes plásticas e gráficas – complementaram-se.Boguszewski ganhou diversos concursos para a produção de cartazes e identidades visuais, como o da Mostra de Desenho Brasileiro da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Seus cartuns não ficaram para trás: foram publicados no livro Humor na Biblioteca, de edição vinculada ao difundido semanário alternativo O Pasquim. Em 1976, com apenas 24 anos, tornou-se professor dos cursos de Desenho Industrial, Comunicação Visual e Educação Artística da Universidade Federal do Paraná, onde trabalhou por 43 anos, tendo sido responsável pela formação de jovens designers curitibanos de sucesso e tendo se tornado um dos principais ícones da área em seu estado. Continuou a integrar salões e exposições no Paraná e no exterior, chegando a mais de 20 participações. Recebeu Menção Especial no 37º Salão Paranaense; realizou uma mostra conjunta com Celso Silva da Silva no Museu de Arte Contemporânea, em 1987, em Curitiba; participou da “1ª ARTPOL” (Mostra de Artistas Plásticos Polono-Brasileiros), também em Curitiba; integrou comissões julgadoras de arte e colaborou com outras revistas culturais. Cofundador, em 1982, da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná, Boguszewski foi também seu primeiro presidente e, posteriormente, diretor cultural, permanecendo membro da entidade ainda hoje. Especializou-se em Teoria Geral dos Signos pela Universidade Federal do Paraná e, depois, tornou-se Mestre e Doutor em História pela mesma instituição, fazendo uma parte de seus estudos na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, na França. Nessas ocasiões, pesquisou a fundo a história cultural da alimentação no Paraná e sua relação com o design gráfico. Boguszewski coloca quea produção de seu trabalho, dividido entre as duas vertentes criativas, segue as influências de seu tempo histórico. Em suas palavras, os valores formais do design gráfico, como ponto, linha, formas regulares, cores puras, modularidade e afins, que são elementos essenciais no desenvolvimento de um projeto, foram incorporados ao design a partir de movimentos que encontram sua expressão na exploração plástica desses mesmos valores, como são exemplos o Concretismo, o Neoplasticismo, a Op Art, entre outros. Na elaboração de suas obras, aparece a cuidadosa utilização de unidades geométricas, com base nas quais faz uma leitura pessoal, lúdica, poética e popular dos citados movimentos artísticos, apresentando uma simplicidade com a qual o espectador é capaz de se identificar. Como observou o professorSérgio Kirdziej, os trabalhos de José Humberto, embora tenham sempre presentes referenciais figurativos (casas, aves, peixes, garrafas), obedecem a uma composição essencialmente concretista, ou seja, abstrata. Mas ao contrário do rigor ascético normalmente encontrado nos concretistas, ele nos comunica delicada poesia visual, quer na limpeza do desenho, quer no colorido cuidadosamente procurado. São mensagens visuais extremamente claras, sintetizadas ao máximo, revelando o exímio comunicador por trás do artista. Por intermédio de seu trabalho, Boguszewski também incursiona por sua ancestralidade eslava no elemento, por exemplo, da cor. Ele explica que sua percepção da cultura polaca se deu pelas danças folclóricas e pela criatividade do artesanato e certas características das casas e ambientes de diversão e trabalho, onde as cores marcaram fortemente os hábitos e rituais dos primeiros imigrantes e construíram uma visualidade fortemente identitária. José Humberto Boguszewski continua a se destacar no cenário artístico paranaense, encontrando-se em plena atividade. Atualmente, faz tiragens de seus trabalhos pelo processo Giclée (ou Giclê em português), também conhecido como Impressão Fine Art, que consiste na impressão de uma obra de arte em impressora a jato de tinta sobre papéis de alta qualidade, utilizando tintas fabricadas com pigmentos que resistem à deterioração pela ação da luz por mais de 100 anos. Em 2018, expôs na “ODS&Arte – Um olhar sobre o mundo”, no Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, mostra que teve a finalidade de apresentar ao público expressões artísticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas. Enveredando-se na busca por linguagens que melhor se identifiquem com e expressem seu temperamento e discernimento, Boguszewski produz obras que carregam uma visão desembaraçada e desmistificadora da arte, prezando sempre, e em primeiro lugar, por sua autonomia. Vive e trabalha em Curitiba.

(Coautoria: Heliana Grudzien e Ivi Belmonte)

Fotografia original de Cristina Fauquemont, posteriormente
editada por Boguszewski no Photoshop.
Casas e lago. 2012. Giclê / Impressão Fine Art. 50 x 50 cm.

Para saber mais:

Página pessoal: https://www.jhbdesign.com.br/

Instagram: https://www.instagram.com/jhboguszewski/