Everly Giller nasceu em 1961 em Caçador, Santa Catarina, Brasil. Seus avós paternos eram imigrantes poloneses, dos quais herdou o amor à cultura e ao idioma polonês. Seu bisavô chamava-se Stefan Antoni Giller, nasceu em Łomża e foi casado com Maria Pająkowska. Por serem muito patriotas e admiradores de Józef Piłsudski, tiveram que emigrar fugindo da perseguição das autoridades dos países que ocupavam a Polônia. Em 1902 chegaram a Londres, Inglaterra, onde estava Piłsudski na época. Lá nasceu Stefan Ian Giller, avô de Everly. Em 1904, voltaram para a Polônia ocupada e fixaram residência em Cracóvia, onde Stefan Antoni Giller trabalhou como impressor na Universidade Jaguelônica. Em 1911, no entanto, emigraram para o Brasil, fixando-se em Ponta Grossa, Paraná, local onde continuaram suas atividades patrióticas. Stefan Ian Giller trabalhou na Impressora Paranaense e foi músico violinista da banda da Sociedade Tadeusz Kosciuszko, em Curitiba, Paraná. Sua esposa, Maria Emília Kulec Giller, e filhos participaram do coral, grupo folclórico e atividades polônicas promovidas pela Sociedade. Desde criança Everly foi atraída pela arte, fascinada pelas cores das telas a óleo produzidas por sua mãe, que também era pintora. Mudou-se para Curitiba em 1972. Atuante nas artes visuais desde 1980, Giller é detentora de brilhante trajetória. Em 1983, graduou-se no Bacharelado em Pintura e Licenciatura em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Depois, frequentou todas as oficinas de gravura do Museu da Gravura do Solar do Barão. Em 1985, com o apoio do Consulado da Polônia em Curitiba, embarcou em um navio polonês rumo à terra de seus antepassados para se aperfeiçoar na técnica de gravura em metal, na Academia de Belas Artes de Cracóvia, onde foi orientada por Jacek Sroka e Stanisław Wejman. Além do aperfeiçoamento em gravura, os dois anos na Polônia a influenciaram decisivamente para o desenvolvimento da sua linguagem artística atual. De volta a Curitiba, passou a orientar oficinas de gravura do Museu da Gravura do Solar do Barão e do Ateliê de Criação Infantojuvenil da Galeria Cocaco. Em 2015, concluiu o curso superior de Licenciatura em Letras Polonês na Universidade Federal do Paraná, participando, ainda, de diversos cursos de aperfeiçoamento do idioma polonês no Brasil e na Polônia. Trabalhou como professora do idioma polonês no Centro de Línguas e Interculturalidade da Universidade Federal do Paraná e do Centro de Línguas Estrangeiras e Modernas do Colégio Estadual do Paraná. Foi coordenadora e professora do curso de idioma Polonês na Casa da Cultura Polônia Brasil, de 2015 a 2018, organização da qual foi cofundadora e cujos objetivos são, entre outros: a pesquisa, o intercâmbio entre a Polônia e o Brasil, a cooperação com entidades polonesas e brasileiras, a promoção do patrimônio, tradição e costumes da comunidade polono-brasileira, além de contribuir para a integração dessa comunidade com a realização de eventos e projetos. É notável o grande potencial criativo, espontâneo e observador de Giller. Suas obras trazem seus sentimentos mais profundos, recordações e impressões da infância; falam da natureza, das árvores, da água, da chuva, por meio de imagens e paisagens delicadas, permeadas de simbologias, elementos poéticos e oníricos, apresentando visíveis, porém leves, referências da arte ingênua. A artista traduz essa natureza sensível, alegre, de cores fortes, traços sutis e precisos, como quem traduz as verdades do coração. Trabalhadora incansável do fazer artístico, Everly Giller participa do círculo de artistas gráficos do Museu da Gravura, no Solar do Barão, em Curitiba, e é artista convidada em diversos projetos de arte-educação tanto para adultos quanto para crianças. Já realizou mais de 20 exposições individuais e participou de mais de uma centena de exposições coletivas, em instituições públicas e em galerias de arte, no Brasil e no exterior, a exemplo de “Dni Kultury Brazylijskiej – Semana da Cultura Brasileira”, em Rzeszów, Polônia; “1º Encuentro Internacional de Grabado”, no Museo de Artes Plásticas y Visuales, em Montevidéu, Uruguai; “Gravadores Paranaenses”, na National Gallery of Australia, Camberra, Austrália, em 1990; “Paraná-Polônia Arte Contemporânea”, no Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, em 1996; “Everly Giller + 4”, na Galeria Srečišče (Celica Hotel Art), Ljubliana, Eslovênia, em 2010; e, em 2018, “Final Show – International Exibition”, na Galeria Kobro, em Łódź, Polônia. Recebeu, entre outros prêmios, o da “1ª Mostra Paranaense da Paisagem” e o do “42º Salão Paranaense”. Possui diversas obras em acervos de instituições nacionais e internacionais, como o Museu de Arte Contemporânea do Paraná e o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e a Nacional Gallery of Australia, em Camberra, Austrália. Essa pintora, gravadora, desenhista, ilustradora e curadora enriquece e imortaliza as artes visuais paranaenses, contemplando-a com uma vasta e expressiva produção. Everly Giller vive e trabalha em Varsóvia desde 2018.
(Coautoria: Heliana Grudzien e Ivi Belmonte)
