ADRIANA DA COSTA BRZEZINSKI

(Adriana Brzezinska / *Curitiba, PR, Brasil, 1974)
(Foto da artista Adriana Brzezinska)

Adriana Brzezinska nasceu em 1974, em Curitiba, Paraná. Na verdade, como no Brasil não se declinam os sobrenomes de acordo com o gênero, Adriana foi batizada com o sobrenome “Brzezinski”, o sobrenome declinado para o masculino de sua família paterna. No entanto, mais tarde Adriana adotaria o sobrenome Brzezinska para seu nome artístico. Já voltamos a isso. Adriana Brzezinska é bisneta de Piotr Brzezinski, polonês nascido em 1860 e casado com Paulina, nascida em 1864. Imigraram para o Brasil por volta de 1880 através do porto Dantzig, atual Gdansk, chegando ao Paraná e se estabelecendo em Pacatuba, município de Timoneira, atual Almirante Tamandaré. No Brasil, Piotr Brzezinski dedicou-se primeiramente à lavoura, depois montou uma olaria e o primeiro forno de cal da região. Posteriormente, dedicou-se ao comércio e passou a residir com a família no bairro Abranches, em Curitiba, onde faleceu em 1947. Teve 11 filhos: Maria, Francisca, Angélica, Constância, Bernardo, Martha, Pedro, Eva, Simão, José e Isidoro João, que é avô de Adriana Brzezinska. Isidoro João (que viveu entre 1904 e 1990), enquanto era estudante de Direito da UFPR, trabalhou como escriturário de cartório e em um escritório de advocacia em Curitiba. Formou-se em Direito, casou-se com Conceição Bueno de Brzezinski (1907-1993) e, como promotor adjunto e depois como juiz, morou com sua esposa em diversas cidades do interior do Paraná, terminando a carreira em Curitiba como desembargador, presidente do Tribunal Eleitoral e vice-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná. O casal teve cinco filhos: Lourdes, Thereza, Guido, Carmem e João Osorio. Este último é pai de Adriana Brzezinska, nasceu em 1941 e é reconhecido artista visual e professor paranaense. A mãe de Adriana Brzezinska, Silvia da Costa, também é artista visual e professora de arte. Dessa forma, Adriana Brzezinska nasceu e cresceu envolvida pelas artes e, mais tarde, dedicou-se intensamente à sua formação artística profissional. Em 1998, concluiu o curso superior em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Daí para frente, seus estudos se estenderam à história da arte, à filosofia estética, à fotografia, à cerâmica, à gravura, à curadoria e ao ensino da arte. Realizou mais de uma dezena de cursos. Entre seus professores estão Geraldo Leão, Miguel Chicaoka, Rubem Grilo, Ligia Borba, Luciano Vinhosa, Roberto Pitella, Luiz Sérgio de Oliveira, Fayga Ostrower, Alice Yamamura, Helmut Batista, Maria José Justino e Everly Giller. Aprofundou-se no ensino da arte na Universidade Federal do Paraná. Especializou-se em História da Arte Moderna e Contemporânea na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e em História na Universidade do Porto. Em 2017, participou da Residência Cultural Artística promovida pela Fundação Mokiti Okada, no Solo Sagrado de Guarapiranga, em São Paulo, e geriu o Espaço Cultural Mokiti Okada de Curitiba em 2018. Essa pesquisa incansável foi alimento para a sensibilidade profunda de Adriana Brzezinska. A arte, vista como um meio sagrado de integração ao próprio ser e à natureza, é, para a artista, um momento de conexão e comunicação − de algo sutil, algo que está para além do que os olhos podem ver −, sugerindo movimento por diferenças tonais mínimas, numa tentativa de fazer o espaço vibrar, como bem coloca Adalice Araújo. Assim se dá sua pesquisa de cores e formas, bem como da materialidade de suas obras, que devem ir ao encontro desses propósitos. Brzezinska traz para elas a experimentação com materiais orgânicos, como a cera de abelhas e o pó de mármore, entre outros. Nas palavras da curadora Yatio Uehara: Todo artista tem uma forte relação com a Grande Natureza e Adriana, com seu senso estético bastante desenvolvido e seu olhar sensível, com sua câmera, capta imagens peculiares e com alto grau de refinamento. Entretanto, despojada e despretensiosa, na verdade gostaria de manter firmes o sentimento e as sensações de puro encantamento de quando avistou o deserto de Atacama. Ela insiste na permanência da calma, da paz e da serenidade encontradas nas paisagens quase inóspitas daquele longínquo lugar. Essa sensação não pode ser tão efêmera e será transmutada no fluir do tempo que não retém absolutamente nada… Inconformada, a artista encontra uma forma de interferir e manter o “controle” sobre a paisagem e os sentimentos conquistados. Usando elementos próprios da natureza como argilas, óxidos e outros minerais orgânicos, depositando um novo sentido à paisagem, aprisionando as próprias sensações. Nesse momento entra a sua experiência como alquimista e o respeito à mãe natureza. Trabalha essencialmente com elementos naturais sem adição de nenhum componente químico. Seu repertório é amplo e faz outras experiências também bem-sucedidas, e ela naturalmente se liberta se expandindo suavemente em um elegante colorido. Como resultado, o espectador é levado a sentir e contemplar a própria existência. E o sobrenome Brzezinska? Ora, vemos que a influência polonesa aparece na construção que Adriana faz de uma identidade, expressa em seu nome artístico. A primeira vez que usou o nome “Brzezinska” foi ao assinar um livro infantil. Gostou do resultado e o gesto, a princípio sem pretensão, acabou por definir sua assinatura de artista. Conta a própria Adriana Brzezinska: A amiga Everly Giller, de ascendência polonesa, pintora, gravadora e professora de polonês, adorou que eu tinha flexionado meu sobrenome à maneira polaca. Ficou, foi para as pinturas, cerâmicas, fotografias e tudo o mais que ser artista e polaca possa me permitir. Detentora de um exemplar currículo, Adriana Brzezinska já participou de diversas exposições coletivas e salões de arte em Curitiba, no Paraná e em outros estados do Brasil, entre eles o “60º Salão Paranaense”, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná; “Ruído da Matéria”, no Museu de Arte de Joinville, em 2004; “Universo Feminino”, no Museu Alfredo Andersen, em Curitiba, em 2005; “Poéticas do Movimento”, na Zilda Fraletti Galeria de Arte, também em Curitiba, em 2018. Realizou diversas exposições individuais, como “Antes do Movimento”, no Espaço Cultural Palacete dos Leões; “Corpos Líquidos e Sólidos”, na Zilda Fraletti Galeria de Arte; “Olaria”, no Museu Alfredo Andersen; e, mais recentemente, “Alumiar”, no Museu Alfredo Andersen e no Espaço Cultural Mokiti Okada; todas as citadas em Curitiba. Dentre os prêmios que recebeu estão “Prêmio Phillips para Novos Talentos”, do Museu de Arte de São Paulo, em 1997; “Prêmio Governo do Estado do Paraná”, no Salão de Artes de Paranaguá, realizado na Casa de Cultura Monsenhor Celso, em 1999; “Prêmio Secretaria da Cultura do Paraná”, no Salão de Artes de Campo Mourão, em 2000; e “Prêmio Viagem a Paris”, no IV Salão Graciosa de Artes, realizado em Curitiba, em 2003. Suas obras podem ser encontradas, entre outros acervos, no do Centro Cultural Brasil Estados Unidos, em Curitiba; no Acervo Phillips do Brasil, hoje no Memorial da América Latina, em São Paulo; no acervo da Secretaria de Cultura do Paraná, em Campo Mourão; no Acervo Gasparini SA, em Milão; e no Museu Paranaense. Adriana Brzezinska, jovem artista, é um dos destaques do atual panorama artístico paranaense. Vive e trabalha em Curitiba.

(Coautoria: Heliana Grudzien e Ivi Belmonte)

(Obra sem título, 2017. Técnica mista, 120cm x 100cm / Foto: Adriana Brzezinska)
(Foto da artista Adriana Brzezinska)