DULCE REGINA BAGGIO OSINSKI

(Dulce Osinski / *Irati, PR, Brasil, 1962)

Dulce Osinski nasceu em 1962, em Irati, Paraná, Brasil. Seus bisavôs Antoni Osinski e Michalina Antoszewska Osinski, pais de seu avô Ignacio Osinski, nasceram na cidade de Inowrocław, distrito de Bydgoszcz, antiga Kujawa, na Polônia, que naquele momento estava sob domínio da Prússia. Chegaram ao Brasil em 1893, desembarcando no porto de São Francisco do Sul, Santa Catarina, e se estabeleceram na Colônia Guaraúna, perto de Ponta Grossa, Paraná. Antoni Osinski vinha de uma família de agricultores, tendo aprendido os ofícios de carpinteiro e pedreiro. No Brasil, trabalhou na construção da estrada de ferro Ponta Grossa-Curitiba-Paranaguá e como construtor e operador de moinhos. Também se dedicou à agricultura e à venda de produtos moídos em sua propriedade. Os bisavôs de Dulce, José Grochowski e Francisca Weiss Grochowski, pais de sua avó Genovefa Osinski, vieram da região de Starogard, perto de Inowrocław, e eram comerciantes. Também se estabeleceram na colônia Guaraúna. Ignácio Osinski continuou os negócios de seu pai, tocando um moinho de arroz e, com Genovefa Osinski, atuaram no comércio de secos e molhados. Seu filho Luciano Osinski, pai de Dulce, formou-se engenheiro, profissão que exerceu durante toda sua vida. Casou-se com Thalma Baggio Osinski, que atuou como secretária de um consultório médico. A arte fez parte da vida de Dulce Osinski desde cedo. Incentivada por seus pais, aos 12 anos já frequentava aulas de pintura com Ida Hanemann e Luís Carlos de Andrade Lima. Em 1984, graduou-se em Pintura e Licenciatura em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em 1985, viajou para a Polônia com bolsa de estudos do Governo polonês e aperfeiçoou-se em Gravura em Metal na Academia de Belas Artes de Cracóvia, sob orientação de Andrzej Pietsch, experiência definida pela artista como o real divisor de águas de seu trabalho, a partir de quando fazer arte se tornou um ato difícil e de responsabilidade. De volta ao Brasil, também passou a atuar ativamente no ensino da arte, tido por ela como um dever social. Foi orientadora das oficinas de Gravura em Metal do complexo cultural Solar do Barão e de Arte Infantil no Centro Cultural Portão, ambos em Curitiba. Ministrou disciplinas no curso de Artes Plásticas na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e tornou-se professora do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná, onde também foi Coordenadora de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e, com Ricardo Carneiro, ministrou a Oficina Permanente de Gravura. Ofereceu diversos outros cursos de desenho, gravura e pintura em museus, festivais de arte e universidades, em Curitiba, no Paraná e no Brasil, sendo responsável pela formação de inúmeros jovens artistas. Aperfeiçoou-se em Arte-Educação no The Southeast Institute for Education in Visual Arts na Universidade do Tennesse, em Chattanooga, Estados Unidos. É Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Em outras viagens à Polônia, participou de mais aperfeiçoamentos em artes gráficas e no idioma polonês. Grande é seu envolvimento com a comunidade e cultura polono-brasileira, sendo cofundadora da Casa da Cultura Polônia Brasil e sua ativa colaboradora. Como artista, Osinski é genuinamente expressionista. Em sua poética, explora a representação de objetos, signos e ícones que ganham significados ambíguos, dúbios, irônicos, nos fluxos de associações para além de suas superfícies, penetrando e remexendo o imaginário social e cultural, à medida que ganham vida na interação entre o traço e a pincelada da artista e o olhar do público. Em um processo de criação considerado como essencialmente interativo, segundo ela, até mesmo as diferentes linguagens com que trabalha (desenho, gravura, pintura e recentemente a fotografia) dialogam entre si constantemente, alternadamente, fazendo com que uma forneça pistas à outra. Sua pesquisa atual atenta-se, como declara: na pintura, à matéria da tinta a óleo e suas possibilidades de sobreposição e coexistência de várias densidades. O tempo que cada camada leva para secar impõe um ritmo lento à produção, obrigando à contemplação dos resultados e à reflexão mais cuidadosa sobre os passos a serem tomados a seguir. A linha, que perfura a matéria pictórica, deixando visível uma camada anterior, é uma incisão, uma cicatriz gráfica. No caso dos desenhos, as relações entre o preto e o prata, com suas nuances de brilho e opacidade, são as que estão ocupando minha atenção. Em seus últimos trabalhos, executados em diversas técnicas, trata da natureza e o meio que nos envolve, do que são exemplos as séries “De cima”, “Jardim” e “Mar”. Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora, fotógrafa, arte-educadora e professora universitária, Dulce Osinski, em sua reconhecidamente brilhante trajetória artística, traz inúmeras menções honrosas e destacadas premiações em salões, festivais e bienais de arte, como na “VIII Mostra do Desenho Brasileiro”, no “47º Salão Paranaense”, na “X Mostra da Gravura Cidade de Curitiba” e na “1ª Mostra Nacional de Gravuras de São José dos Campos”, São Paulo. Expressivas são as exposições individuais e coletivas realizadas, em diversas cidades, no Paraná, no Brasil e no mundo, entre elas a “Coletiva de Gravadores Brasileiros”, da Casa da Gravura em Middletown, Ohio, Estados Unidos; o “1º Encontro Internacional de Gravura de Montevidéu”, Uruguai; “The 17th Internacional Exhibition of Prints”, em Kanagawa, Japão; “Pintores Brasileiros na Wspólnota Polska”, em Varsóvia, Polônia; “Arte Contemporânea Brasileira”, em Mairie de Massy, França; e a “21ª Bienal Internacional de Gravura de Lubliana”, Eslovênia. Suas obras figuram em importantes acervos de instituições oficiais e particulares do Brasil e do exterior, como o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, o Australian Nacional Gallery, em Camberra, Austrália, e o Majdanek State Museum, na Polônia. Sem dúvida, Dulce Osinski, além de uma legítima representante da arte paranaense, vê sua obra tornar-se atemporal, ao vencer o tempo em uma inquestionável permanência. Vive e trabalha em Curitiba.

(Coautoria: Heliana Grudzien e Ivi Belmonte)

Dulce Osinski. Foto: Andrzej Kozłowski.

Jardim. 2018. Gravura em metal. 50 x 70 cm. Foto: Ricardo Carneiro.