CLAUDIO BOCZON

(*Curitiba, PR, Brasil, 1968)

Claudio Boczon nasceu em 1968, em Curitiba, Paraná, Brasil. Tanto seus ancestrais paternos quanto maternos eram poloneses. Aqueles, provenientes de Małastów, Małopolska, e estes, de Siołkowice, Opole. Chegaram ao Brasil em 1876 e se estabeleceram na Colônia Thomaz Coelho, Paraná, trabalhando na lavoura. Seu pai e sua mãe mudaram-se para Curitiba, onde trabalharam no comércio de secos e molhados, no bairro Portão. Claudio Boczon cursou Desenho Industrial na Universidade Federal do Paraná. Desde então já aflorava seu interesse pelas artes visuais. Participou, em 1993, de sua primeira exposição coletiva com o grupo “Martelo sem Mestre”, na sala Arte, Design e Cia da Universidade Federal do Paraná. Esse interesse o levou ao curso de Licenciatura em Desenho na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Sua trajetória artística contou com importantes formações entre os anos de 1998 e 2002. No ateliê de pintura do Museu Alfredo Andersen, recebeu orientação e grande incentivo de Ronald Yves Simon. Participou da Oficina Permanente de Gravura e da Oficina Permanente de Arte da Universidade Federal do Paraná com Dulce Osinski, Ricardo Carneiro e Geraldo Leão. Com Dudi Maia Rosa, cursou Oficina de Pintura e, com Eliane Prolik, a oficina A Propósito do Trabalho de Arte. Além disso, frequentou o workshop de Leda Catunda. Dessa maneira, além de designer, Claudio Boczon foi se tornando pintor, gravador, fotógrafo, poeta, compositor – e um desses raros artistas denominados “alquimistas da arte”. Segundo o Dicionário das Artes Plásticas no Paraná, Boczon deu início a suas obras evocando mitos e tradições regionais, do que são exemplo suas séries “Teogonia” e “Sudários”. Dentro do espectro abstrato expressionista, e em diálogo com a Arte Povera e o Tachismo, direcionou seu trabalho à busca pela “corporeidade da obra”. Nela, os suportes entram em cena e se tornam parte do resultado, manuseados, como explica, pela curiosidade do artista de encontrar a beleza oculta na matéria e em objetos do cotidiano e trazê-los à tona, para que o espectador questione e aprecie aquilo para o que não se dá importância. Assim, em sua pintura, é possível acompanhar os processos sucessivos de aglutinação das mais variadas tintas, pigmentos e produtos químicos sobre suportes como madeira, tecidos, papelões, pedras, entre outros. Na gravura, desenvolve impressões em relevo sobre placas de ardósia com o papel previamente trabalhado. Todos esses elementos vão ganhando vida pelo estímulo à cor e à mancha, em que a dialética do velado e do escancarado, o esconder e o mostrar, acontece em um jogo de sobreposições e transparências, de claros e escuros. O artista faz referências às leis da física, talvez por seu interesse pela relação entre espaço, estrutura e forma – como a que vê em detalhes arquitetônicos que fotografa, seja nas grandes construções ou em singelas habitações, e mesmo em seu ateliê –, como também pelo encantamento com o mistério da luz e da sombra, do consumo da matéria pelo tempo, do acaso e do caos originário da criação. Tudo isso, deixando aparente cada erro e nova direção tomados durante o processo […], reciclando tanto o item físico quanto os conceitos por trás desses objetos ou peças. A criatividade, segundo ele, vem com a convicção de que, durante a execução do trabalho, o erro é capaz de conduzir a respostas mais interessantes e satisfatórias à conclusão da obra. Completam seu portfólio a arte digital e performances mistas, nas quais inclui suas composições e improvisações musicais. São expressivas suas participações em exposições coletivas, mostras e salões em Curitiba, no Paraná, em outros estados do Brasil e no mundo. Entre eles, destacam-se o “5º Salão Nacional de Arte de Goiás”, o “11º Salão Paulista de Arte Contemporânea”, o “31º Salão de Arte de Ribeirão Preto”, o “VII Salón de Arte Digital”, no Centro Cultural Pablo de la Torriente Brau, em Cuba, a “3ª e a 5ª Bienal Nacional de Gravura do Museu Olho Latino”, a “5ª Bienal de Gravura de Santo André” e a “Bienal de Arte Contemporânea do Serviço Social do Comércio do Distrito Federal”, em 2016. Até o momento, foi premiado em quatro ocasiões, como na “Mostra Regional de Artes Visuais da Lapa”, Paraná, em 2010, e no “4º Salão de Arte Contemporânea de Campo Mourão”, quando lhe atribuíram o Prêmio Aquisição. Também realizou diversas exposições individuais, como “Despojos de um Brancaleone” e “Arqueologias de Atelier”, ambas no Museu Alfredo Andersen, em Curitiba; e “Digitalhas”, em diferentes localidades. Escreveu textos críticos para catálogos de exposições. Em 2011, suas obras estiveram presentes na inauguração da Casa da Cultura Polônia Brasil, em Curitiba. Algum tempo depois, em 2014, participou da exposição coletiva itinerante “Arte Polônica Brasileira” e teve uma vivência artística na Polônia, promovida pelo Muzeum Historii Polskiego Ruchu Ludowego, em Varsóvia. Nesse museu também expôs sua pintura, inclusive na ocasião do 100º Aniversário das Forças Armadas Polonesas. Dentre as últimas exposições das quais participou estão “O Surreal Polonês aos Olhos da Arte”, em 2017, na Casa da Cultura Polônia Brasil, em Curitiba, e “Brazylijska Natura spojrzenia i inspiracje”, em 2018, em Brusque. À medida que Claudio Boczon estreita os laços com sua ancestralidade, a polonidade exerce maior influência em seu trabalho, influência essa que o artista define como um certo descuido em querer agradar ao gosto do status quo. As paredes de sarrafo multicoloridas, os estênceis nas varandas, as combinações improváveis de padrões de tecido, a preocupação em evitar desperdício de materiais, um sentimento de culpa por fazer um trabalho que não exige suor para ser reconhecido, a busca de uma identidade. Sua técnica expressiva decorre de sua incansável curiosidade e pesquisa, em uma busca pelo inusitado, características que condizem com suas origens eslavas. A alquimia inventada por Claudio Boczon, dono de um domínio técnico, de um enfoque genuíno e pessoal sobre o seu potencial criativo, bem como de um olhar singular sobre os materiais, sempre fluidos, em transformação, resultam em composições e faturas pictóricas e gráficas surpreendentes, que enriquecem a história da nossa arte. O artista, ainda jovem, encontra-se em plena atividade e em uma progressão constante, que norteia sua dinâmica trajetória. Trabalhos seus podem ser encontrados em diversos acervos de instituições onde expôs, no Brasil e no exterior, inclusive no do Muzeum Historii Polskiego Ruchu Ludowego. Vive e trabalha em Curitiba.

Itacueretaba. 2018. 77 x 49 cm. Foto: Claudio Boczon
Autorretrato. Foto: Claudio Boczon.

Para saber mais acesse:

Página pessoal: www.boczon.blogspot.com

Instagram: www.instagram.com/claudio.boczon/

(Coautoria: Heliana Grudzien e Ivi Belmonte)